Desamasso

Por: | domingo, maio 13, 2012 Deixe um comentário
[...] Daí eu parei de fingir que nada estava acontecendo e comecei a pensar. Eu sempre tive essa estúpida mania de procurar o que está bem na minha frente - na minha cara, melhor dizendo. Queria saber o que tinha em você que tanto me intrigava. E, sei lá, acho que era isso. Eu nem sabia o que mais gostava em você. Se era a bagunça do seu cabelo, o branco do seu sorriso ou sua camisa sempre bem passada - até o nosso amasso começar. Se era sua calça larga, sua voz rouca ou as tralhas do seu carro. Seu corpo quente ou seu perfume (que sempre fazia questão de impregnar minha roupa). Se era o jeito que você tinha de olhar além dos olhos, sua fascinação - ridiculamente fofa - pelo seu time ou as coisas sérias que você dizia sempre no tom de brincadeira. O jeito que meu coração pulava quando eu via seu nome estampado no celular ou o modo como você me perguntava, já sabendo a resposta, no que eu estava pensando.
Eu achava lindo quando você me ligava antes de dormir e me contava algumas histórias da sua vida. Daquelas que no dia seguinte você, envergonhado, me pedia para esquecer. Quase tão lindo quanto a cicatriz que você tem. Ah, essa, sim... Não me cansava de ouvir a história, tosca, de como ela surgiu. Que não seria a mais bonita se a que você deixou em mim fosse visível. A cicatriz que me mantém aqui.
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