Desastres Naturais

Você acha que eu não procurei? Perdi as contas de quantas vezes refiz o caminho na esperança de encontrar. Procurei nas minhas gavetas, embaixo da cama, atrás da porta. Procurei na cozinha, no sofá e no banheiro. Procurei no armário em que aquele filme estava guardado, na sacola em que está seu dvd e na minha caixa de entrada de todos os emails. Religuei meus celulares antigos e procurei em todas as mensagens. Procurei em cada histórico de conversas. Procurei nas chamadas recebidas, efetuadas e perdidas. Procurei no almoço, no jantar e na insônia. Nas músicas, nos diálogos e nos silêncios. Procurei nos meus, nos seus e nos nossos amigos. Procurei em desconhecidos. Procurei na sexta e no sábado de balada e no fim da tarde de um domingo chuvoso. Procurei na praia, no campo e no centro da cidade. Procurei nas páginas dos meus livros e nas sinopses dos seus. Procurei no trânsito da marginal, procurei canal por canal, na rua da sua casa. Procurei na nossa esquina e em todas as outras. Procurei nas suas meninas e no cheiro das minhas roupas. Procurei na bagunça da minha bolsa. Na avalanche da minha cabeça. Procurei no tsunami dos meus sentimentos. Mas não achei nenhum pedacinho de você. O furacão passou, preocupou, destruiu, bagunçou e acabou.

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