Título desconhecido

Por: | segunda-feira, setembro 09, 2013 Deixe um comentário
Naquele dia você me fitou com olhos de quem tinha medo de que eu fosse embora e não voltasse nunca mais. Me puxou antes que fechasse a porta, abraçou e beijou. Como quem já estivesse no plano Z, depois de falhar todo o resto do alfabeto.
Eu poderia voltar pra te dizer, antes do elevador chegar ao térreo, uma porção de coisas. Sabe, dessas que são tão difíceis de falar que geralmente vamos embora com elas engasgadas?
Quando vi já estávamos entrelaçados. Nunca foi rotulado, mas eu sempre soube que era sua e que você era meu. A vontade de estar junto era nosso compromisso. Nunca falamos em regras, mas elas estavam ali,  nas entrelinhas. Bem escondidas, mas claras. Vieram de brinde, junto com o sentimento.
Elevador vinha, elevador ia, e eu acabava cedendo por conta da demora. Seu apartamento era muito alto pra conseguir fugir a tempo, antes de você me impedir. E, bem... Suas justificativas sempre acabavam funcionando muito bem. Até esse muito e mais alguns, virarem "até".
Eu gosto muito dele. 
Eu gosto dele, até.
E esperar cansa, sabia? Resolvi descer pela escada, sem nem cogitar a possibilidade de me jogar de cabeça. Mergulhar em amor raso é suicídio.  
Eu nunca consegui sentir algo que não tenha nome por muito tempo. E já que nunca nomeado, procuro por alguém que ainda desconheço, no térreo, que seja do mesmo andar que eu.

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