Transbordando vazio

Por: | domingo, março 23, 2014 Deixe um comentário

Até hoje não sei o que eu vi em você, mas ainda sinto vontade de deitar no seu peito, mesmo em cima dessa sua camisa nova ridícula.
Lembro de ter me preocupado a primeira vez que busquei seus pés pra esquentar os meus durante uma madrugada. Perceber que o lado esquerdo da cama estava vazio me deu frio e, pela primeira vez, senti uma falta enlouquecedora do calor do teu abraço
. Durante uma semana, troquei meus edredons diariamente em busca de conforto, quando, na verdade, o que eu queria era nossa desconfortável disputa pelo espaço.
Confesso que é assustador ouvir a chuva de manhã e abrir os olhos para um dia nublado. Não parece certo ter de enfrentar uma tempestade sem esses seus olhos amendoados e a voz tão calma e doce. Poderia jurar que era a trilha-sonora da minha vida, me prometendo que o sol sempre há de voltar. 
A vida acorda cinza sem você, até na primavera. É que, bem... Eu nunca vou entender por que você regou, se não ia ficar para ver florir. E levantar da cama sabendo que o seu peito não está mais ali, sem aquela camisa, pra me receber, e que seus pés não acompanham mais meus passos, causa uma enchente danada aqui dentro.
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