Desencaixotando

Por: | segunda-feira, março 12, 2012 Deixe um comentário
Quando vai ficando tarde, e a cabeça já não está mais a mil por hora, que vai chegando o horário que a gente se procurava para contar como foi péssimo o dia, como demos risada de quem deu risada do nosso - suposto - ódio, ou da saudade que estamos um do outro... Eu esqueço. Esqueço do dia que acordei com a mesma coragem que se tem antes de dormir. Com a coragem de fazer uma das coisas mais difíceis dos últimos anos: Encaixotar tudo e mudar.
Declarei guerra entre a razão e a emoção.
Guardei as lembranças e o meu coração na última gaveta da estante, e troquei de perfume. Tirei da caixa novas metas e um sorriso. Arrumei a vida sem querer esperar que você voltasse para fazer sua bagunça. Bagunça suficiente já foi a que você deixou ao partir.
Sempre tive você para fugir dos tormentos que insistiam em vir à tona, e, hoje, eu fujo de você. Fujo da sua fuga. Sua fuga que deixou tormentos.
Sentir sua falta não se tornou um hábito, fica ali, guardada, e pronto. Não se mexe por nada. Eu até dou uma cutucada nela, de vez em quando, ao resolver abrir a sua gaveta. Com seu sorriso, suas ligações, seu jeito de me olhar, suas piadas e seu perfume. A gaveta que eu sempre tenho que fazer um esforço muito grande - e até mesmo, às vezes, pedir uma ajuda - para fechar. Penso seriamente em comprar um armário inteiro para guardar essas suas coisas, quem sabe elas param de transbordar toda vez...
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